Solidão avança e vira ameaça à saúde e ao trabalho
Na era da hiperconexão, a solidão ganhou status de problema de saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS) vê o tema como prioridade e especialistas estimam que 1 em cada 6 pessoas viva solidão crônica. Há ainda estimativas que atribuem centenas de óbitos por dia, direta ou indiretamente, a seus efeitos.
A terapeuta e consultora executiva, Madalena Feliciano, explica que o impacto ultrapassa o campo emocional e alcança relações sociais e trabalho. “A solidão corrói pilares como pertencimento, identidade, propósito e afeto”, afirma Feliciano, especialista em gestão de carreira e desenvolvimento humano.
O que acontece com a saúde
Médicos e psicólogos relatam aumento de quadros ligados ao isolamento: depressão, ansiedade, crises de pânico, baixa autoestima e pensamentos suicidas. A sensação de desconexão também eleva comportamentos de risco e piora doenças pré-existentes.
“Não é só emocional: é fisiológico, cognitivo e social. Quando o vínculo falha, caem a confiança, a motivação e o sentido de vida”, diz a executiva.
Efeito no emprego e nas empresas
No ambiente corporativo, a solidão afeta produtividade, criatividade e retenção de talentos. Companhias relatam equipes com menos colaboração e mais ruídos de comunicação, o que pressiona resultados e clima organizacional.
- Dificuldade de diálogo e feedbacks.
- Isolamento e conflitos silenciosos.
- Queda de criatividade e de inovação.
- Procrastinação e medo de julgamento.
- Aumento da rotatividade
“A solidão cria uma lente distorcida: o profissional passa a ver o ambiente como hostil e perde entrega e capacidade de evoluir”, pontua Feliciano.
(foto: Freepik)

Jovens hiperconectados, mais vulneráveis
A OMS aponta os jovens entre os mais expostos. Embora sempre online, muitos têm dificuldade em construir vínculos duradouros, lidar com frustrações e sustentar conversas profundas — terreno fértil para adoecimento emocional.
“Eles aprenderam a se relacionar com filtros, não com pessoas. Saltam de conexão em conexão, sem laços sólidos”, observa Feliciano.
Caminhos possíveis
- Reconstruir vínculos reais: resgatar conversas presenciais, fortalecer comunidades e rituais de convivência.
- Investir em autoconhecimento: identificar carências, fortalecer autoestima e aprender a pedir ajuda.
- Humanizar o trabalho: criar espaços de escuta, treinar líderes e promover cultura de pertencimento.
Para Feliciano, combater a solidão exige ação coordenada de famílias, escolas, empresas e poder público. “Conectar-se com o outro começa ao reconectar-se consigo. Vínculo não se improvisa: se constrói — e isso muda a saúde, a carreira e a vida”, conclui.
Fonte: com informações da Brazil Health.






