O que comer para aliviar a constipação, conforme novas diretrizes
Quando se trata dos melhores alimentos para aliviar a constipação crônica, os kiwis estão na sua lista de compras? Novas diretrizes alimentares da Associação Dietética Britânica indicam que os kiwis — com pão de centeio e certos suplementos — podem ajudar a melhorar os sintomas de constipação que afeta cerca de 16% dos adultos no mundo.
Essas diretrizes são as primeiras recomendações baseadas em evidências para tratar a constipação com dieta, não com medicamentos. Conforme a nutricionista e principal autora do estudo, Eirini Dimidi, as poucas recomendações alimentares disponíveis — comer mais fibras, beber mais água — são ambíguas e muitas vezes carecem de pesquisas para respaldá-las.
“Lembro-me de olhar as diretrizes e perceber que elas são realmente limitadas no número de recomendações dietéticas que fazem”, afirma Dimidi, professora associada do departamento de ciências nutricionais do King’s College, em Londres.
Para elaborar as novas diretrizes, os autores analisaram ensaios clínicos e avaliaram a eficácia de cada método no tratamento da constipação. As recomendações foram publicadas em conjunto em periódicos acadêmicos de pesquisas e artigos revisados por pares.
A constipação — definida por menos de três evacuações por semana — é considerada crônica se durar mais de três meses. Pode ser causada por dieta, estilo de vida, certas doenças e lesões e alguns medicamentos. É extremamente comum e afeta pessoas de todas as idades.
Como a constipação crônica é tratada?
Os tratamentos tradicionais para constipação incluem aumentar a ingestão de fibras por meio de alimentos como ameixas e outras frutas e vegetais, beber mais água e usar diferentes tipos de laxantes.
Embora as novas diretrizes incluam certos alimentos ricos em fibras e suplementos de fibras, não há orientação geral sobre uma “dieta rica em fibras”. Quando estavam analisando a literatura para elaborar as diretrizes, os próprios autores esperavam muito mais evidências sobre isso, mas não encontraram evidências suficientes sobre constipação.
“Há muitas evidências de que uma dieta rica em fibras é muito benéfica para a nossa saúde geral e também para aspectos da saúde intestinal, como a redução do risco de câncer colorretal”, diz Eirini Dimidi. “Mas, quando se trata especificamente de constipação, simplesmente não temos evidências suficientes para afirmar que ela melhora a constipação.”
(foto: Diana Grytsku / Freepik)

Confira as novas recomendações:
Suplementos de fibras: Mais de 10 gramas de suplementos de fibras, como psyllium, por dia podem melhorar a frequência e a consistência das fezes e ajudar a reduzir o esforço. Os suplementos de fibras devem ser introduzidos lentamente e a dosagem aumentada gradualmente.
Suplementos de óxido de magnésio: 0,5 a 1,5 gramas por dia podem ajudar na frequência e consistência das fezes, reduzir sintomas como inchaço e dor abdominal e melhorar a qualidade de vida geral. A dosagem deve começar com 0,5 gramas por dia e ser aumentada gradualmente a cada semana.
Kiwis: Três por dia, com ou sem casca, podem ajudar a melhorar a frequência das fezes, mas não a consistência.
Pão de centeio: Seis a oito fatias de pão de centeio por dia também podem ajudar na frequência das fezes, mas não na consistência. Os autores observaram que essa quantidade pode não ser realista para algumas pessoas.
Água rica em minerais: Em combinação com outros tratamentos, 0,5 a 1,5 litro por dia de água rica em minerais também pode ajudar. Um dos principais minerais presentes na água rica em minerais, o magnésio, é um laxante conhecido.
Probióticos: Certas cepas de probióticos, incluindo B. lactis e Bacillus coagulans Unique IS2, podem ajudar algumas pessoas com sintomas. Se estiverem tomando um, os pacientes devem tomar um suplemento de sua escolha e seguir as instruções do fabricante por pelo menos quatro semanas.
Professor aprova diretrizes com ressalva
O renomado professor de gastroenterologia na Universidade de Michigan, nos EUA, William Chey, que não estava envolvido nas novas diretrizes, diz que as recomendações “fornecem um roteiro valioso de coisas que [as pessoas] podem tentar enquanto esperam para consultar seu médico de atenção primária”.
Porém, a única recomendação que chama atenção é a dos probióticos. “Os microbiomas das pessoas… variam muito de um lugar para outro com base na dieta, na genética, no ambiente, e por isso é muito difícil fazer qualquer afirmação generalizável sobre o uso de probióticos específicos”, afirma.
William Chey acrescenta que pessoas com casos mais graves de constipação podem precisar consultar um gastroenterologista. Ainda assim, no geral, ele acredita que esse tipo de recomendação será muito útil.
Fonte: com informações de Kaan Ozcan para a editoria Médica e de Saúde da NBC News.






