O poder da reformulação compassiva, alcance a paz e a resolução de conflitos
A raiva é uma das emoções mais intensas que vivenciamos e pode surgir de sentimentos de injustiça, frustração ou ameaças percebidas ao nosso bem-estar. É uma emoção que pode ser devastadora, com o potencial de criar ou aumentar conflitos. Contudo, a reformulação compassiva é um ótimo recurso que pode nos ajudar nesses momentos difíceis.
Seja em qualquer tipo de interação pessoal, a reformulação compassiva oferece uma ferramenta poderosa para transformar a raiva em compreensão.
“Ao praticar a reformulação compassiva, ganhamos a capacidade de recuar, avaliar situações com gentileza e responder de maneiras que promovam paz em vez de conflito”, explica Moshe Ratson, psicoterapeuta e coach executivo especialista em controle da raiva e inteligência emocional.
Conforme Moshe, em sua essência, a raiva é uma reação a uma avaliação mental de uma situação que ameaça algo que valorizamos. No entanto, as situações em si não contêm significado, tudo depende de como interpretamos.
(foto: Engin Akyurt/Usplash)

O problema é que, ao reagir com raiva, frequentemente vemos os eventos por uma lente estreita, reforçando emoções negativas e perspectivas rígidas. Por isso, mudar conscientemente nossa interpretação de um evento pode reduzir as emoções negativas.
Melhor ainda se incluirmos a compaixão neste processo. Além de ajudar a nos afastar da hostilidade e do ressentimento, a compaixão nos aproximará de uma mentalidade de unidade e compreensão.
O papel da compaixão
O psicoterapeuta Moshe Ratson explica que a compaixão tem o poder de neutralizar a raiva ao suavizar nossa perspectiva. “Ela nos permite reconhecer o sofrimento, tanto o nosso quanto o dos outros, sem julgamento ou retaliação imediata”.
Citando alguns cenários comuns, Moshe dá exemplos de como podemos mudar nossa interpretação e transformar reações de agressivas para construtivas.
Considere o seguinte: Você está em um restaurante, e o garçom não atende sua mesa há algum tempo.
◼️ Uma reação típica pode ser. Isso é ridículo. Estamos esperando há uma eternidade. O serviço aqui é terrível.
Essa avaliação é enraizada na frustração e em um senso de direito. Ela assume negligência e leva a uma resposta emocional raivosa.
◼️ Uma reavaliação cognitiva simples poderia ser: estamos esperando há um tempo, mas pelo menos posso aproveitar esse tempo com meus amigos.
Essa mudança de pensamento alivia um pouco a frustração, mas não promove necessariamente a compaixão.
◼️ Uma reformulação compassiva poderia ser: não gosto do tempo que isso está demorando, mas sei que servir mesas é difícil. Talvez eles estejam com falta de pessoal. Pelo menos posso aproveitar meu tempo com amigos.
Essa abordagem reconhece o desconforto pessoal, enquanto também estende a compreensão ao garçom. Ela cria uma oportunidade de agir com paciência e gentileza.
(foto: Freepik)

Reformulação Compassiva passo a passo
- Identifique sua interpretação inicial da situação. Que história você está contando a si mesmo?
- Examine suas suposições. Elas são duras, críticas ou unilaterais?
- Determine quais das suas principais necessidades (segurança, estima, autonomia, integridade) foram acionadas.
- Considere explicações alternativas para a situação.
- Reconheça suas próprias emoções com gentileza em vez de autojulgamento.
- Demonstre compaixão pela outra pessoa, reconhecendo suas possíveis dificuldades.
- Crie uma narrativa nova e mais compassiva.
Após completar este exercício, observe como seu estado emocional muda. Você se sente mais calmo e no controle de sua resposta?
Fonte: com informações de Moshe Ratson, MBA, MFT, psicoterapeuta e coach executivo. É especialista em desenvolvimento pessoal e profissional, gerenciamento de raiva, inteligência emocional, problemas de infidelidade e terapia de casais e casamento.






