Casais nunca devem ir para a cama com raiva?
Já é tarde da noite e você passou o dia todo remoendo algo que seu parceiro fez para te irritar. A hora de resolver isso é agora, porque, como todos sabem, você nunca deve ir para a cama com raiva, certo? Embora seja senso comum, muitos especialistas em relacionamentos dizem que seguir essa regra é contraproducente. Pode até prejudicar o relacionamento.
Para a psicóloga clínica Samantha Whiten, essa regra é completamente errada. “Tudo o que isso faz é garantir que as pessoas lutem quando estão cansadas”, explica.
De outro modo, ela diz que os casais podem aprender hábitos que os ajudem a descansar e, ao mesmo tempo, fortalecer o relacionamento a longo prazo.
Conflitos podem exigir tempo
É compreensível querer discutir um problema antes que as coisas piorem, mas não é realista esperar que os conflitos sejam resolvidos de forma rápida e amorosa antes de cair no sono. “Parece legal”, diz Samantha. “Mas parece um conto de fadas”, completa.
O problema é que casais não devem brigar quando estão “emocionalmente desregulados”. Na psicologia, um lembrete comum na terapia é que as pessoas devem evitar discussões sérias quando estão com fome, com raiva, sozinhas ou cansadas.
Muitas pessoas também bebem álcool à noite, o que não ajuda a criar um ambiente calmo. “Eles são mais propensos a dizer e fazer coisas impulsivamente das quais podem se arrepender”, ressalta a psicóloga.
Faça uma pausa
Discutir problemas à noite pode parecer mais fácil porque é quando seu parceiro está mais disponível. Mas é melhor reconhecer que algo precisa ser discutido, fazer uma pausa e marcar um horário para voltar ao assunto.
De acordo com a psicóloga clínica Sabrina Romanoff, isso pode significar almoçar ou tomar um café juntos no dia seguinte, ou em qualquer momento em que os parceiros não estejam com pressa de sair de casa.
“Isso demonstra uma habilidade: confiar que seu parceiro retornará realmente a algo que é muito importante para você”, diz Sabrina, acrescentando que a maioria dos casais precisa adotar essa prática.
Também se trata de compreender o parceiro e ter empatia pelas necessidades de cada um. “Quando um dos parceiros precisa de espaço, cabe ao outro não interpretar esse espaço como rejeição”, ressalta Sabrina.
(foto: Freepik)

Diferença entre pausa e evitação
Samantha observa que, entre os casais que vão ao seu consultório, frequentemente têm pelo menos um parceiro que sente que não conseguirá dormir até resolver uma briga. Isso costuma ser um sinal de ansiedade e desconforto com a incerteza.
“As pessoas precisam aprender individualmente como se autocontrolar e dizer a si que está tudo bem”, afirma. “A ideia de conseguir se autoacalmar é realmente fundamental.”
O inverso — a evitação — não é melhor. Muitas pessoas podem precisar de espaço para processar uma discussão, mas são obrigadas a voltar mais tarde para o parceiro para abordar o assunto.
O objetivo é que ambos se sintam seguros o suficiente para reconhecer a discordância, lembrar que o relacionamento é mais importante do que uma discussão e concordar em conversar sobre isso mais tarde. “Quando as pessoas aprendem a fazer isso, é realmente transformador”, afirma Samantha.
Como parar as discussões
Conforme a psicóloga Sabrina, é importante que os casais estabeleçam conversas regulares. Não é preciso falar sobre os piores problemas de suas vidas em um determinado momento, mas devem criar o hábito de pequenos gestos de comunicação.
Até mesmo perguntar regularmente como foi o dia do seu parceiro cria uma espécie de andaime de segurança emocional. Isso cria espaço para abordar problemas.
Quando houver um problema, use frases na primeira pessoa, seja claro sobre o que você precisa e tente criar um plano de como a outra pessoa pode atender. Um pedido feito no momento apropriado geralmente é mais bem recebido. “O tempo é tudo quando se trata de comunicação”, pontua Sabrina.
Fonte: com informações de Albert Stumm para a Associated Press.






