Árvores de espécie rara precisam de proteção em ilha isolada
Pesquisadores alertam para a necessidade de medidas de conservação para a árvore Dracaena cinnabari, popularmente chamada de dragoeiro ou sangue-de-dragão. Conhecida por sua copa em forma de cogumelo e pela seiva vermelho-sangue que percorre sua madeira, a espécie é rara, encontrada somente na ilha de Socotra, no Iêmen.
Essas árvores já foram abundantes, mas ciclones cada vez mais severos, pastoreio de cabras e a falta de medida de proteção levaram a espécie, e o ecossistema único que ela sustenta, ao colapso.
Sem intervenção, cientistas consideram que essas árvores milenares podem desaparecer em poucos séculos, e com elas muitas outras espécies. “Socotra é um lugar onde podemos realmente fazer algo. Mas se não fizermos, a culpa é nossa”, diz Kay Van Damme, biólogo conservacionista belga que trabalha em Socotra desde 1999.

A frequência de ciclones severos aumentou drasticamente no Mar Arábico nas últimas décadas e as árvores sangue de dragão de Socotra estão pagando o preço.
Em 2015, uma série devastadora de ciclones varreu a ilha. Espécimes centenários, alguns com mais de 500 anos, que haviam resistido a inúmeras tempestades anteriores, foram arrancados aos milhares. A destruição continuou em 2018 com mais um ciclone.
Mas as tempestades não são a única ameaça. As árvores sangue-de-dragão crescem somente de 2 a 3 centímetros por ano. Quando atingem a maturidade, muitas já sucumbiram a um perigo insidioso: as cabras.

Uma espécie invasora em Socotra, as cabras-selvagens devoram as mudas antes que elas tenham a chance de crescer. Fora dos penhascos de difícil acesso, o único lugar onde as árvores sangue-de-dragão jovens conseguem sobreviver é em viveiros protegidos.

Viveiros como o da família de Keybani são essenciais para a preservação da espécie; esses recintos cercados com arame mantêm as cabras afastadas e permitem que as mudas cresçam. (foto: Annika Hammerschlag/AP)
Com pouco apoio governamental – o Iêmen vive uma guerra civil – os esforços de conservação ficam, em grande parte, a cargo de recursos locais que são escassos. “Precisamos que a autoridade local e o governo nacional façam da conservação uma prioridade”, diz Sami Mubarak, guia de ecoturismo na ilha.
Beleza natural
Frequentemente comparada às Ilhas Galápagos – perto da costa do Equador – Socotra flutua em esplêndido isolamento a cerca de 240 quilômetros da costa africana.
Sua riqueza biológica – incluindo 825 espécies de plantas, das quais mais de um terço não existe em nenhum outro lugar da Terra – lhe rendeu o status de Patrimônio Mundial da UNESCO.
Mas é a árvore sangue-de-dragão que há muito tempo cativa a imaginação, com sua forma sobrenatural. A ilha recebe cerca de cinco mil turistas anualmente, muitos atraídos pela visão surreal das florestas sangue-de-dragão.
Fonte: com informações Annika Hammerschlag, repórter, fotógrafa e cinegrafista internacional especialista em questões ambientais críticas.
(fotos: Annika Hammerschlag/AP)









