Maternidade idealizada pode gerar culpa crônica, esgotamento e depressão
A maternidade segue sendo um dos papéis mais idealizados da sociedade, mas, por trás das imagens felizes nas redes sociais, muitas mulheres enfrentam solidão, exaustão e um sentimento constante de inadequação. O resultado disso leva a um alerta contundente: essa idealização está adoecendo as mães, emocional e de forma crônica.
“Vivemos em uma sociedade que idealiza a mãe perfeita, sempre disponível, sempre paciente, sempre feliz. Isso gera um sofrimento psíquico enorme, porque é simplesmente impossível corresponder a esse modelo irreal”, afirma a psicóloga e neuropsicóloga Tatiana Serra, especialista em saúde mental materna.
Tatiana explica que o puerpério – período logo após o nascimento do bebê – é apenas o início de uma jornada emocional desafiadora. “Há mães adoecendo emocionalmente não só no pós-parto, mas anos depois, já com os filhos maiores. É o que chamamos de maternidade crônica: a mulher nunca mais se autoriza a colocar suas necessidades em primeiro plano.”
Sinais de alerta para o adoecimento emocional
- Cansaço extremo que não melhora com o descanso.
- Sentimentos de culpa recorrentes, mesmo quando está fazendo o seu melhor.
- Irritabilidade, choro frequente ou sensação de desamparo.
- Dificuldade de sentir prazer nas atividades do dia a dia.
- Sensação de estar sempre devendo algo, em todas as áreas da vida.
“É possível amar profundamente um filho e, ao mesmo tempo, sentir vontade de fugir. Isso não é falta de amor, é um sinal de sobrecarga emocional” – Tatiana Serra, especialista em saúde mental materna.

Responsabilidade coletiva
A psicóloga defende que oferecer apoio emocional às mães não é um privilégio, mas uma necessidade urgente. Filhos emocionalmente saudáveis dependem de mães minimamente cuidadas. “Uma mulher exausta, culpada e emocionalmente negligenciada dificilmente conseguirá sustentar vínculos afetivos de qualidade.”
Ela reforça que o cuidado com a saúde mental das mães deve estar no centro de políticas públicas, ambientes de trabalho e na estrutura familiar. “A gente cuida de quem cuida. Quando uma mãe adoece emocionalmente, toda a estrutura em volta dela adoece junto. A saúde mental das mães é um investimento na saúde emocional de toda uma geração”, conclui.
Fonte: com informações Brazil Health.






