Luto: como transformar a dor da perda em recomeço
Perder alguém querido é uma das experiências mais profundas e dolorosas da vida. Mas, apesar do vazio e da dor, é possível encontrar formas de ressignificar a ausência e reconstruir uma nova narrativa.
A psicóloga e terapeuta do luto Carla Salcedo lembra que o luto não é sinal de fraqueza, mas uma forma legítima de amar. “O luto é a continuação do vínculo. Quando compreendemos isso, abrimos espaço para um recomeço com sentido”, afirma.
Cada pessoa sente de um jeito, a resposta ao luto é única. Tristeza, raiva, culpa, isolamento e até sintomas físicos como dores no corpo e insônia são comuns.
Conforme a Organização Mundial da Saúde, o luto prolongado, quando ultrapassa seis meses com sofrimento intenso e prejuízos funcionais, já é reconhecido como transtorno mental.
No Brasil, a pandemia trouxe o tema à tona. Luto foi uma das palavras mais buscadas no Google entre os temas emocionais nos últimos anos.
A dor também transforma
Apesar do sofrimento, o luto pode ser um ponto de virada. Muitas pessoas redescobrem a fé, mudam prioridades ou criam projetos em homenagem a quem se foi. “A dor da perda pode nos reconectar com o que realmente importa”, diz Carla.
Mas o caminho não é linear. Datas, lugares e músicas podem reabrir feridas. E tudo bem. “O luto não se cura, se integra. A ausência vira parte da nossa história.”

O que pode ajudar no processo de luto
Permita-se sentir: tristeza, saudade e raiva são naturais – não reprima suas emoções.
Busque apoio: conversar com pessoas próximas ou um terapeuta ajuda a elaborar a dor.
Retome a rotina aos poucos: atividades simples devolvem a sensação de controle.
Cuide do corpo: sono, alimentação e caminhadas contribuem para o equilíbrio emocional.
Respeite seu tempo: cada um tem seu ritmo – evite comparações.
Considere a terapia: o acompanhamento psicológico pode ser um pilar importante na reconstrução.
Rituais simbólicos ajudam: funerais, homenagens, cartas e até uma vela acesa marcam a transição e oferecem significado.
As redes sociais também se tornaram espaços de expressão do luto. Homenagens, textos e grupos de apoio virtuais ajudam muitas pessoas a encontrar consolo e pertencimento, desde que respeitando seus próprios limites.
Viver com a ausência
Para Carla, transformar a dor em força não é apagar o passado, mas integrá-lo à nova realidade. “Recomeçar não é esquecer. É aprender a viver com a dor sem ser paralisado por ela. É descobrir que, mesmo sem quem amamos ao lado, ainda é possível encontrar felicidade”, conclui.
Fonte: Carla Salcedo, psicóloga e terapeuta membro da Brazil Health.






