Manuscritos do Mar Morto podem ser mais antigos do que se pensava
Com a ajuda da Inteligência Artificial (IA), pesquisadores descobriram que muitos dos manuscritos do Mar Morto podem ser mais antigos do que se acreditava – com alguns textos bíblicos datando da época de seus autores originais.
Conforme os pesquisadores, as descobertas podem desafiar ideias sobre quando, onde e por quem os antigos textos foram produzidos.
“É como uma máquina do tempo. Assim, podemos apertar a mão dessas pessoas de 2.000 anos atrás e podemos colocá-las no tempo com muito mais facilidade agora”, diz Mladen Popović, primeiro autor da pesquisa da Universidade de Groningen, na Holanda.
Embora alguns pergaminhos tenham sido datados por radiocarbono na década de 1990, Popović diz que os acadêmicos não abordaram o problema da contaminação por óleo de rícino.
Essa substância aplicada desde a década de 1950 ajuda especialistas a ler manuscrito, mas pode distorcer os resultados. Além disso, muitos dos pergaminhos só foram datados por análise de caligrafia.

Escritas antigas
Entre outras evidências, os pesquisadores descobriram que dois estilos de escrita diferentes, hasmoneu e herodiana, coexistiram por um período muito mais longo do que se pensava, enquanto uma amostra de um manuscrito que contém versículos do livro de Daniel era mais antiga do que a paleografia tradicional sugeria.
“Anteriormente, era datado do final do século II a.C., uma geração depois do autor do Livro de Daniel. Agora, com nosso estudo, recuamos no tempo contemporâneo a esse autor”, diz Popović.
Método de pesquisa
Com a Inteligência Artifical, a equipe usou um tipo conhecido por aprendizado de máquina, alimentando informações no banco de dados, como imagens digitais de traços de tinta e imagens dos manuscritos.
O próprio aparelho faz a datação por comparação. “O que criamos é uma ferramenta muito robusta e com base empírica baseada na física e na geometria”, explica Popović.
O sistema já produziu novos insights, incluindo o de que uma cópia do livro bíblico Eclesiastes data da época do suposto autor do livro.
“Existem mais de 1.000 manuscritos de pergaminhos do Mar Morto, então nosso estudo é um primeiro, mas significativo, passo, abrindo uma porta para a história com novas possibilidades de pesquisa”, diz Popović.
Os resultados trazem um grande impacto ao evidenciar que manuscritos encontrados nas cavernas perto de Qumran não teriam sido escritos no sítio arqueológico de Qumran, que só foi ocupado mais tarde.
Para os pesquisadores, a nova ferramenta traz um avanço significativo nos métodos para datar textos antigos. No entanto, é um estudo que deve ser adotado com cautela e em conjunto com outras evidências.
(foto: Bridgeman Imagens)

Os primeiros pergaminhos antigos foram descobertos nas cavernas de Qumran, no deserto da Judeia, por pastores beduínos em meados do século XX.
Os manuscritos abrangem desde documentos legais até partes da Bíblia Hebraica, e acredita-se que datem de aproximadamente o século III a.C. ao século II d.C.
Fonte: com informações The Guardian.






