Por que você esquece tanto do que acabou de aprender
Com certeza, você já leu um artigo ou assistiu a uma palestra interessante e ficou motivado com o conteúdo aprendido. Poucos dias depois, porém, não conseguiu se lembrar da maior parte e, logo, sentiu aquela frustração.
Saiba que isso não acontece porque você não estava prestando atenção ou se considera esquecido. É porque seu cérebro faz exatamente o que foi projetado para fazer: esquecer o que não é repetido.
Especialista em mentoria e desenvolvimento de liderança, Ruth Gotian, explica que há dois tipos conceituados de aprendizagem: a curva da aprendizagem e a curva do esquecimento.
A primeira ilustra a velocidade com que aprimoramos nossas habilidades ou compreensão ao longo do tempo com a repetição e a prática.
Na contramão disso, a curva do esquecimento ilustra a rapidez com que perdemos novas informações ao longo do tempo por falta de repetição.
Embora pouco falada, essa teoria foi desenvolvida pelo psicólogo Hermann Ebbinghaus, ainda no século XIX. Em seus experimentos, ele descobriu que esquecemos cerca de 50% do que aprendemos em uma hora, 75% em um dia e até 90% em uma semana.
Desde sua descoberta, vários experimentos foram replicados inúmeras vezes, comprovando a tendência do cérebro em esquecer, devido à falta de prática e repetição.
“Sem reforço, mesmo as ideias mais convincentes podem desaparecer rapidamente da memória”, comenta Ruth, enfatizando o papel essencial da repetição na retenção e no aprofundamento do conhecimento.

Aprender não se trata apenas de consumo. Trata-se de repetição, reflexão e ação. Se quiser se lembrar melhor do que aprendeu, precisa ser intencional na forma como reforça e utiliza o que aprendeu.
Sobrecarga de informações
Além da tendência natural do cérebro em esquecer por falta de repetição, isso se reforça pela sobrecarga de conteúdos nesta era da informação. As pessoas muitas vezes mudam de um tópico para outro sem dar tempo para absorver, refletir ou aplicar o que acaba de aprender.
“Este não é um método eficiente de aprendizagem. O cérebro humano não é otimizado para ingestão passiva, ele precisa de engajamento significativo para reter informações.”
Para melhor aprendizagem e memorização, Ruth explica que existem estratégias simples e eficazes que podem achatar a curva do esquecimento e fortalecer a sua retenção. Confira as dicas.
Escreva com suas próprias palavras: não confie em anotações passivas ou sublinhados. Resuma o que você acabou de aprender e faça-o o mais rápido possível, de preferência, em até uma hora. Este exercício força seu cérebro a processar e reformular o material, aumentando as chances de ele ser absorvido.
Reflita antes de seguir em frente: antes de pular para o próximo artigo ou reunião, pare e pergunte-se: O que me surpreendeu? Como isso se conecta com o que eu já sei? Quando posso usar isso? Como posso usar isso? Esses momentos de reflexão ajudam a criar uma forte rede de associações, melhorando a memorização.
Aplique imediatamente: a melhor maneira de reter novos conhecimentos é usá-los. Ensine-os a alguém. Teste-os no trabalho. Incorpore-os a um projeto. A aplicação transforma o aprendizado da consciência de curto prazo em compreensão de longo prazo. Até mesmo uma pequena ação conta.
Aproveite a tecnologia para reforço: ferramentas de inteligência artificial (IA) agora podem resumir o que você aprendeu, fazer testes e lembrá-lo de revisar mais tarde – antes que você possa esquecer. Essas ferramentas personalizam a repetição e incentivam o engajamento ativo, essencial para a memória de longo prazo.
Fonte: com informações de Ruth Gotian, diretora de Aprendizagem na Weill Cornell Medicine e autora colaboradora da Harvard Business Review, Forbes e Psychology Today.






