Comportamento obsessivo que você precisa evitar ao procurar um amor
Não é incomum conhecer alguém e se apaixonar perdidamente, achando que é amor. Mas quando a euforia desaparece, especialmente se as coisas terminam mal, o rescaldo pode deixar você cambaleando.
Esta é a consequência do fenômeno chamado limerência, um estado emocional que tudo consome – pensamentos obsessivos, dependência afetiva e uma necessidade desesperada de reciprocidade.
Especialista em relacionamentos, o psicólogo americano Mark Travers, recentemente, publicou um artigo muito aprofundado sobre o tema.
Mark explica que a limerência pode transformar o amor tanto em uma euforia quanto em uma luta exaustiva. “Quanto mais profundo seu apego, mais forte se torna o medo de perder, prendendo você em um ciclo de ansiedade e desespero”.
Para quem não sabe lidar com este tipo de situação, o especialista esclarece sobre dois motivos pelos quais isso acontece e como se libertar antes que tome conta de você.
Apego ansioso
O primeiro motivo diz respeito ao apego ansioso. Em um relacionamento saudável e amoroso, seu humor não depende inteiramente do parceiro. Mas, na limerência, o comportamento dele dita como você se sente.
Uma mensagem com um elogio doce faz seu dia, te levando às nuvens. Por outro lado, uma simples mensagem ignorada pode estragar totalmente o seu humor.
Este intenso estado emocional se alinha com o conhecido amor desesperado ou apego ansioso “fusional”. Isso envolve o desejo avassalador de se fundir com outra pessoa enquanto se sente profundamente inseguro sobre o relacionamento.
Aqueles com este estilo de apego lutam com a separação e podem reagir com emoções intensas como tristeza, apego, raiva ou até mesmo agressão.
Viver neste estado emocional descontrolado e inseguro pode fazer de cada interação, um teste de comprometimento do seu parceiro.
Você entra em estado de vigilância constante e fica hiper consciente de sinais sutis de rejeição – textos atrasados, mudanças de tom – alimentando pensamentos obsessivos e sofrimento emocional.

Mentalidade de escassez
Outro ponto fundamental que alimenta este estado emocional desenfreado é a escassez.
Com o mito generalizado de que parceiros de qualidade estão desaparecendo, é fácil cair na armadilha de acreditar que o relacionamento atual é sua única oportunidade de amar.
Essa sensação de escassez também pode ser impactada por relacionamentos anteriores. Se você teve uma relação que terminou mal, pode se agarrar desesperadamente a uma nova conexão, temendo que ela possa ser a última.
E, justamente, quando movido pelo medo em vez de uma conexão genuína, você corre um risco de confundir obsessão com amor. O terror de estar sozinho pode fazer você se fixar em alguém, interpretando intensidade como paixão.
O psicólogo Mark Travers sugere quatro perguntas para descobrir se você está preso na limerência.
- Eu sou obcecado por eles a ponto de negligenciar minha própria vida?
- Meu humor muda drasticamente com base na atenção deles?
- Eu me sinto inútil sem a validação deles?
- Estou sacrificando minhas necessidades só para mantê-los por perto?
Se isso ressoar, você provavelmente está escolhendo parceiros com base no medo, em vez de compatibilidade.

Contudo, há maneiras de superar essa mentalidade, mesmo quando você está com medo de perder alguém. Vamos saber como.
◼️ Reformule seus medos. Escreva seu pior cenário. Você pode pensar “se terminarmos, ficarei sozinho para sempre”. Agora desafie se isso é verdade ou o medo está distorcendo a realidade?
Também é importante mudar de uma mentalidade de escassez para abundância para lutar contra seus medos. Lembre-se de que você tem muitas oportunidades de encontrar um amor.
◼️ Recupere sua independência. Invista em si, construa novas habilidades e cultive as amizades. Também é essencial desvincular seu valor da aprovação das outras pessoas. A confiança deve vir de dentro, não da validação de outros.
◼️ Estabeleça limites. É importante perceber quando está se doando demais nos relacionamentos. Você não deve abandonar as suas próprias necessidades. Relacionamentos saudáveis prosperam na confiança, não no controle.
Por isso, pratique tolerar a incerteza quando outra pessoa estiver envolvida, para que você também respeite os limites dela.
Quando você deixa de lado o medo de perder alguém que mal conhece, você cria espaço para um amor que parece fundamentado, não desesperado. Esse é o tipo de amor que vale a pena manter.
Mark Travers, PhD, psicólogo americano formado pela Universidade Cornell e pela Universidade do Colorado em Boulder. Além de psicólogo-chefe da Awake Therapy, é colaborador regular da Forbes, Psychology Today e Therapytips.org, onde escreve sobre relacionamentos, felicidade, personalidade e significado da vida.






