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Concordar em discordar para lidar com opiniões alheias

Em uma era de polarização de opiniões, principalmente nas redes sociais ou no ambiente de trabalho, simplesmente ansiar por civilidade já não basta. Compreender como debater e discordar respeitosamente tornou-se verdadeiramente imprescindível, agora mais do que nunca, e por alguns bons motivos.

Compartilhar experiências com pessoas que enxergam o mundo como nós é reconfortante. Mas a civilidade não se trata de evitar conflitos, e sim de escolher enxergar a humanidade do outro, mesmo discordando plenamente dele.

A verdadeira civilidade começa com o reconhecimento sincero da dignidade dos outros. Isso possibilita o diálogo respeitoso: ouvir com curiosidade, demonstrar cortesia e estender o respeito mesmo em caso de discordância.

No limite do estresse

Quando o corpo e a mente já estão operando próximos ao limite de estresse — por exemplo, lidar com um divórcio ou administrar dificuldades financeiras — a capacidade de se envolver de forma ponderada diminui.

Nesses momentos, até mesmo pequenas divergências podem parecer insuportáveis, não pelo problema em si, mas porque a pessoa já está sobrecarregada.

As redes sociais, por exemplo, amplificam as câmaras de eco e recompensam a indignação, reforçando a tendência de interagir somente com aqueles que compartilham das mesmas opiniões.

Nesses espaços, a discussão muitas vezes se torna motivada por interesses em vez de ser orientada pela verdade — mais focada em vencer do que em compreender.

Quando um ou ambos os lados consideram sua posição moralmente correta, qualquer desvio é interpretado como errado, levando a conflitos emocionalmente carregados e difíceis de resolver.

Assim que as convicções morais individualizadas se cristalizam em absoluto, o compromisso se torna praticamente impossível. E sem uma base moral compartilhada, começa o processo de justificar a desumanização do “outro”, tratando aqueles que discordam não como equivocados, mas como imorais — e, portanto, indignos de empatia.

No ambiente de trabalho, as equipes que conseguem debater ideias com respeito tendem a ser mais inovadoras e a tomar decisões melhores do que aquelas que evitam o conflito por completo.

(foto: Drazen Zigic / Freepik)

Como ter conversas difíceis

Comece por se perguntar por que determinada conversa parece arriscada. Que emoções ou experiências podem estar moldando sua reação? Em seguida, pare para decidir se vale a pena ter essa conversa e com quem.

Quais são suas motivações para participar? Você está buscando uma troca genuína ou simplesmente participando de um debate pelo simples prazer de debater? Este contexto ou pessoa são relevantes para seu aprendizado, seu trabalho ou sua defesa de causas? Ou você está participando de um discurso que reforça a divisão em vez da compreensão?

As habilidades de comunicação também são importantes. As pessoas que encaram um desacordo como algo administrável — e que se consideram capazes de o gerir — são mais propensas a participar de forma construtiva, em vez de se retraírem por frustração ou defensiva.

Cultivar habilidades de escuta, reflexão e autorregulação, juntamente com disposições como mente aberta, tato, empatia e coragem, cria as condições para um diálogo genuíno e respeitoso — o tipo de diálogo que não somente constrói compreensão, mas também sustenta relacionamentos e fortalece comunidades ao longo do tempo.

Em última análise, a civilidade consiste em participar de debates com ética, humildade e humanidade. Isso nos convida a criar espaço para conversas honestas — onde o desconforto sinaliza crescimento, não perigo, e onde a discordância fortalece, em vez de fragmentar, nossa sociedade.

Fonte: com informações de Leda Stavnychko e Maria Ashraf para o The Conversation.

Leda Stavnychko: professora associada de Estratégia e Teoria Organizacional na Escola de Negócios Bissett da Universidade Mount Royal, no Canadá.

Maria Ashraf: candidata ao título de Juris Doctor pela Universidade de Calgary, no Canadá, e bacharel em Comércio com experiência em abordagens com liderança ética, o diálogo e a segurança psicológica.

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